Ainda em Berlin, durante a minha infância e como rastilho, toquei melódica na orquestra da associação local dos portugueses e acho que essa é a minha memória mais antiga de música.
Já em Portugal, tive o prazer de tocar clarinete, durante uns aninhos ainda, na banda filarmónica d’Os Leões, em Moura.
No final do secundário surgiram as experiências rock-pop com pequenas biografias em projetos sucessivos, com os Mecca Sahara (onde era vocalista) a dar o pontapé de saída com o inesperado e apunkalhado hino “Até à Morte”, apesar de o objetivo ter sido uma ambiência mais próxima de um rock sinfónico.
Em paralelo com a temática rock, juntamente com 3 amigos de Moura, na casa de um deles, juntávamo-nos no seu amplo quarto fresquinho, fugindo às tórridas tardes de verão alentejano. Ali compúnhamos e gravávamos música eletrónica, num coletivo que intitulámos Lavaij. Não houve atuações porque o instrumento era o computador e nunca pensámos seriamente em transformar aquilo numa atuação. Era mesmo só pelo prazer da coisa.
Antes de sair de Moura, ainda ensaiei umas músicas com uma amiga de escola. Era uma cena mais inspirada em ondas como Young Marble Giants, com canções muito bonitas, sempre achei que tinha muito potencial, mas, lamentavelmente, não chegámos a gravar nem atuar… e fomos para universidades diferentes e pronto.
Ainda a fazer a ponte entre Moura e Évora, com o projeto PAC compusemos em Moura a música “Tempestade no Deserto” que já gravámos em Évora, no estúdio do Francisco Fialho.
Foi logo quando fui para a universidade, em Évora (onde residi de 1988 a 1993), que comecei a frequentar o estúdio de gravação do Francisco Fialho.
Como morava num quarto e não tinha qualquer instrumento comigo, fiz o contrato com ele de ir lá gravar uma hora por semana. Depois trazia a gravação numa cassete e ouvia durante a semana. Ia imaginando o que alterar ou acrescentar. Assim, ao longo de vários anos fui gravando várias músicas que nunca chegaram a ver um palco.
Quando fazia tudo sozinho assinava Dr Decadência. Quando convidava amigos assinava Damnare Capite.
Nesta página de soundcloud estão as únicas 15 gravações sobreviventes de sucessivas perdas, que reduziram a poucas um espólio que teria chegado a quase uma centena de registos.
A música “Sturm und drang” de Damnare Capite ainda saiu numa coletânea em cassete de uma editora bracarense, a Facadas Na Noite.
O período de Évora foi a minha fase de maior experimentalismo. Para além de intervenções em espetáculos (como o do Paulo Félix, em Portalegre), o coletivo de música completamente improvisada (não jazzística) Hemistério deve ter sido, ao longo dos tempos, o que mais me encheu as medidas. Tivemos momentos incríveis, como o memorável espetáculo Música Contemplativa do Ocidente, no auditório da universidade; um caótico concerto num festival em Moura; uma intervenção num certame na ESE de Beja, entre muitos outros. Posteriormente e sob o nome Hemistério ainda foram concretizados dois vídeo-concertos.
Já fora da alçada eborense e já na minha definitiva costa alentejana, dada a impossibilidade geográfica de me continuar a relacionar com os músicos (amigos) habituais com que sempre me entendi, acabei por me aventurar na composição em computador.
Além disso, fui sempre complementando o trabalho solitário com atuações temáticas, com amigos da zona, projetos interessantes, muito experimentais, meio rockeiros, meio abstratos.
A balada “O meu velhinho escadote” foi composta já em VNSAndré, só com samples de escadote que eu próprio gravei. Foi feita em homenagem a um instrumento de percussão que usei amiúde no período Hemistério.
Tudo, ainda no séc XX.
Hoje já não sou músico, porém continuo intimamente ligado à música, mas de outras formas. Noutra altura falaremos disso.
Ainda em Berlin, durante a minha infância e como rastilho, toquei melódica na orquestra da associação local dos portugueses e acho que essa é a minha memória mais antiga de música.
ResponderExcluirJá em Portugal, tive o prazer de tocar clarinete, durante uns aninhos ainda, na banda filarmónica d’Os Leões, em Moura.
No final do secundário surgiram as experiências rock-pop com pequenas biografias em projetos sucessivos, com os Mecca Sahara (onde era vocalista) a dar o pontapé de saída com o inesperado e apunkalhado hino “Até à Morte”, apesar de o objetivo ter sido uma ambiência mais próxima de um rock sinfónico.
Em paralelo com a temática rock, juntamente com 3 amigos de Moura, na casa de um deles, juntávamo-nos no seu amplo quarto fresquinho, fugindo às tórridas tardes de verão alentejano. Ali compúnhamos e gravávamos música eletrónica, num coletivo que intitulámos Lavaij. Não houve atuações porque o instrumento era o computador e nunca pensámos seriamente em transformar aquilo numa atuação. Era mesmo só pelo prazer da coisa.
Antes de sair de Moura, ainda ensaiei umas músicas com uma amiga de escola. Era uma cena mais inspirada em ondas como Young Marble Giants, com canções muito bonitas, sempre achei que tinha muito potencial, mas, lamentavelmente, não chegámos a gravar nem atuar… e fomos para universidades diferentes e pronto.
Ainda a fazer a ponte entre Moura e Évora, com o projeto PAC compusemos em Moura a música “Tempestade no Deserto” que já gravámos em Évora, no estúdio do Francisco Fialho.
Foi logo quando fui para a universidade, em Évora (onde residi de 1988 a 1993), que comecei a frequentar o estúdio de gravação do Francisco Fialho.
Como morava num quarto e não tinha qualquer instrumento comigo, fiz o contrato com ele de ir lá gravar uma hora por semana. Depois trazia a gravação numa cassete e ouvia durante a semana. Ia imaginando o que alterar ou acrescentar. Assim, ao longo de vários anos fui gravando várias músicas que nunca chegaram a ver um palco.
Quando fazia tudo sozinho assinava Dr Decadência.
Quando convidava amigos assinava Damnare Capite.
Nesta página de soundcloud estão as únicas 15 gravações sobreviventes de sucessivas perdas, que reduziram a poucas um espólio que teria chegado a quase uma centena de registos.
A música “Sturm und drang” de Damnare Capite ainda saiu numa coletânea em cassete de uma editora bracarense, a Facadas Na Noite.
O período de Évora foi a minha fase de maior experimentalismo. Para além de intervenções em espetáculos (como o do Paulo Félix, em Portalegre), o coletivo de música completamente improvisada (não jazzística) Hemistério deve ter sido, ao longo dos tempos, o que mais me encheu as medidas. Tivemos momentos incríveis, como o memorável espetáculo Música Contemplativa do Ocidente, no auditório da universidade; um caótico concerto num festival em Moura; uma intervenção num certame na ESE de Beja, entre muitos outros. Posteriormente e sob o nome Hemistério ainda foram concretizados dois vídeo-concertos.
Já fora da alçada eborense e já na minha definitiva costa alentejana, dada a impossibilidade geográfica de me continuar a relacionar com os músicos (amigos) habituais com que sempre me entendi, acabei por me aventurar na composição em computador.
Além disso, fui sempre complementando o trabalho solitário com atuações temáticas, com amigos da zona, projetos interessantes, muito experimentais, meio rockeiros, meio abstratos.
A balada “O meu velhinho escadote” foi composta já em VNSAndré, só com samples de escadote que eu próprio gravei. Foi feita em homenagem a um instrumento de percussão que usei amiúde no período Hemistério.
Tudo, ainda no séc XX.
Hoje já não sou músico, porém continuo intimamente ligado à música, mas de outras formas. Noutra altura falaremos disso.
Um abraço
https://soundcloud.com/drdecadencia